27/05/2010

Um Amor Para Toda Vida

ESPECIAL: Escrito por Cristiano Contreiras

Um amor para toda vida transmite um valor emocional mais que um épico contextualizado - talvez por, devido ao tom atmosférico do melodrama romântico, revelar-se como um singelo estudo sobre segredos escondidos, nostalgia amorosa, memórias que jamais se apagam, valores perdidos e perdas humanas. Como esquecer um amor eternamente lúcido? Abarcando sentidos de amor, paixões, sentimentos e guerra que estilhaça vidas, o enredo foca na história de Ethel Ann (Mischa Barton) e seu forte fascínio ao coração de três amigos da aeronáutica - Teddy Gordon (Stephen Arnell, romântico em sexualização), Jack Etty (Gregory Smith) e Chuck Harris (David Alpay). Apaixonados por ela vivem segredando um desejo. Contudo, Ethel vive seu amor incondicional com Teddy, movida pela paixão passional se casa secretamente com ele, mas no meio do ataque dos japoneses a Pearl Harbor, Teddy parte para a guerra e a deixa, sob um pacto com os amigos, aos cuidados de Chuck, caso ele não retorne. Ele parte com a aliança e a promessa de voltar.

Tragicamente, eis o destino cruel: O avião de Teddy bate em uma montanha, Ethel vive o tormento súbito da morte do amor e acaba casando com Chuck. O filme tem três focos narrativos: o plano de 1941 onde se expressa o início da trajetória de Ethel, ainda na juventude; Ethel (Shirley MacLaine) em 1991, e sua vida com a filha Marie (Neve Campbell, bem dedicada à personagem) e o terceiro foco é na contextualização secundária dos personagens de Jimmy Reilly (Martin McCann), um garoto que encontra, junto com Michael Quinlan (Pete Postlewaite), a aliança pertencente Ethel e Teddy, em meio a um resquício de destroços enterrados. Em 1991, quando Chuck morre, cresce a distância entre Ethel e sua filha que não sabe nada sobre o passado materno. Apenas Jack (Christopher Plummer), cujo amor por Ethel nunca desapareceu, sabe o segredo que ela carrega em seu coração. Eis que o passado de Ethel vem à tona quando Jimmy decide entregar a aliança encontrada. Como enfrentar o passado? Seja para encerrar sua vida, ou começá-la novamente: há de decidir. A narrativa, aliada à montagem, tende a ir e voltar do passado ao presente. Como prosseguir feliz com uma vida sem mágoas? Um amor jamais pode ser apagado? Toda família tem um esqueleto escondido no armário.

O roteiro de Peter Woodward direciona reflexões sobre o comprometimento de amar com fidelidade, da devoção sentimental; laços maternos e problemas nas relações de mãe com filha; crise na terceira idade; desilusões amorosas, carência afetiva que causam abalos psicológicos. A trilha sonora de Jeff Danna é introspectiva, melódica nos acordes de pianos, prevalece o tom de paixão em dramaticidade. A fotografia varia em tons fortes de cores quentes nos planos de 1941; tons claros na atualidade de 1991. E a direção de Richard Attenborough mantém zelo emotivo, priorizando as motivações de Ethel - jovem e já envelhecida, cuja dualidade de comportamento é evidente diante da passagem dos anos. É na personagem que reside a espinha dorsal do filme, o elo e o cerne - todo desenvolvimento sentimental do filme é sobre sua existência. Psicologicamente, Ethel desiste de viver a própria maturidade e abandona a sua alma, após a perda do amor - permitindo-se à depressão, perda da identidade, tornando-se uma mulher amarga e vazia. Na juventude, a beleza física era também favorecida pela sua cordialidade e gentileza benéfica - período no qual, interpretado com ternura por Barton, ela envolve-se no frescor da paixão juvenil. Há momentos de nudez de Misha Barton, em particularmente duas cenas. Já Shirley MacLaine demonstra uma Ethel densa, sofrida e triste na velhice, imersa numa vida perdida. Observa-se em Ethel o invólucro da feminilidade: de sua fragilidade juvenil, repleta de medos e receios, a sua maturidade: amargurada pelos abalos dos resquícios da perda da existência. O romance prevalece nítido nas pontuações das cenas, mas o drama exerce o verdadeiro predomínio - visto que os personagens, tanto femininos quanto masculinos, envolvem-se nesta teia melodramática. E causa emoção sugestiva.

2 comentários:

Mirella Machado disse...

Olá leitor(a), sinto muito não poder escrever pra você no momento, é que as coisas estão cada vez mais complicadas na faculdade (e olha que ainda to no 1º período), pois bem, espero que você goste das resenhas do blogueiro Cristiano Contreiras do blog Apimentário. Bem, ele ficará postando por aqui até eu ter um tempo extra pra voltar a escrever algo, já que a faculdade está me tirando o pouco tempo necessário que tenho que ter pra escrever algo ao menos interessante par você. Se tudo der certo após a terça-feira estou de volta e mais uma vez me desculpe pela ausência. Abraços

Alan Raspante disse...

Ain, eu ainda não vi este longa, mas estou doidinho pra conferir parece ser mesmo muito bom!
Ótima crítica Chris! xD
E Mirella, se acalme deixe a poeira abaixar e volte com tudo! =)